terça-feira, 11 de agosto de 2009

Cães e Crianças, Uma Relação a Ser Cultivada

Cães e Crianças, Uma Relação a Ser Cultivada

Tem se tornado cada vez mais comum famílias adquirirem um animal de estimação para os filhos, em geral um cachorro, alegando que “É bom para a criança conviver com animais”. E isso é verdade, a criança de fato se beneficia bastante do convívio com um cão.

Mas, infelizmente, o que poucas famílias fazem é trabalhar a relação entre o animal e a criança assim que o novo membro se integra à família. Com isso, o cão logo acaba se transformando em mais um bichinho de pelúcia da casa, com o qual o filho se distrai e brinca de vez em quando. Dependendo da tolerância dos pais, a criança fica autorizada a abraçar, beijar e a receber do cão algumas lambidinhas na mão.

Esse contato mínimo, é bom que se diga, já é bastante benéfico a uma criança, mas por que não ir além, por que não estreitar o vínculo de seu filho com o animal, seu mais novo companheiro? Essa pode ser uma relação fundamental para o aprendizado de vida dele. Muitos pais reclamam que os filhos só brincam com o cão no começo, enquanto ele ainda é filhote, e depois perdem o interesse e o deixam de lado. Mas isso só acontece se a relação entre o animal e a criança não foi cultivada. O vínculo entre os dois se consolida na intimidade, adquirida através dos cuidados que a criança dedica ao animal e da responsabilidade que sente ter com ele; é a partir daí que a relação afetiva se estrutura, e para a vida toda.

Os cuidados começam na hora de escolher o cão

Quando decidir comprar ou adotar um cão para seu filho, pesquise antes sobre a raça mais adequada ao temperamento dele (crianças agitadas = cães mais ativos). Informe-se também sobre o tamanho que o cão vai atingir na idade adulta (1 ano), sobre o tipo de pelagem dele, se curta ou longa, as características de personalidade de um macho e de uma fêmea. O golden retrivier, o labrador, o boxer e o beagle, por exemplo, são cães conhecidos por tolerarem pacificamente as brincadeiras mais desajeitadas das crianças pequenas, que costumam achar divertido dar inocentes puxadinhas no rabo e na orelha do animal, apertar seu focinho, quando não o cão todo.

O ideal é ter um cão em casa apenas quando seu filho estiver pronto para entender que existe um mundo fora dele, que ele deve explorar sem medo e com curiosidade. É bom que a criança já tenha aprendido a andar e a ter controle esfincteriano, pois assim você ficará menos sobrecarregado com as funções educativas desses dois filhotes — o bebê e o cãozinho.

O grande amigo cão

O cão pode se tornar um suporte emocional importante para a criança, ao atuar como um parceiro dela na fase das descobertas infantis, que ocorre aproximadamente até os 7 anos de idade. É nesse período — o mais importante do desenvolvimento motor e emocional de toda criança — que, segundo o psicólogo bielo-russo Vigotsky, as brincadeiras e os brinquedos irão funcionar como imitações da realidade. As crianças podem brincar de casinha tendo o cão como filhinho; brincar com ele de esconde-esconde, que, além de um belo exercício físico, mexe com o intelecto e a noção espacial da criança; e até um simples carinho ou abraço no animal é uma oportunidade de ela demonstrar e exercitar sua afetividade.

Quando vem a fase escolar, tempo das descobertas intelectuais, essa pode ser uma boa época para a criança pesquisar sobre os cães: Por que todo cão abana o rabo? Como surgiu a raça do meu cão? Por que todo mundo deve educar seu cão? Por que devo recolher o cocô do meu cão, quando passeio com ele na rua? Enfim, o cão e tudo que diz respeito a ele deve sempre estar presente na vida de seu filho, acompanhando o desenvolvimento dele.

O cão, para a criança, é uma espécie de brinquedo sem pilhas, com vida própria, é um convite às mais variadas brincadeiras, é uma caixinha capaz de se abrir para um monte de emoções. O cão é um “brinquedo” que chora, que fica alegre, que gosta de socializar com todos, humanos e outros cães, e que, além de tudo, precisa receber cuidados básicos de sua família, assim como ser alimentado, ter uma boa caminha para dormir, tomar banho, ser escovado e receber uma boa educação.

Isso então quer dizer que o cão é o “brinquedo” perfeito para qualquer criança?

Sim, mas somente se você, adulto, tiver a consciência de que a responsabilidade de cuidar do cãozinho é SUA. Não adianta, mais tarde, vir com a velha desculpa: “Ah, as crianças queriam tanto um cachorro, prometeram que iam cuidar se eu comprasse um, e agora o trabalho sobrou para mim...”. Não sobrou para você; cuidar de um cão é mesmo obrigação de um adulto. Os adultos são as pessoas responsáveis pelo lar e por tudo que há de mais importante nele. Como um membro respeitável do núcleo familiar, um cão não pode ser deixado aos cuidados exclusivamente de uma criança, que, por mais que queira e se esforce, ainda não tem maturidade para se responsabilizar de verdade por uma outra vida.

Agora, não é por ser sua a obrigação de cuidar de seu cão que seu filho não deva atuar como um assíduo auxiliar seu. Solicite sempre a presença dele nesses momentos e estimule-o a participar. É fundamental que a criança ajude em pequenas tarefas, como colocar a comida na vasilha do cachorro, verificar se há sempre bastante água, limpa e fresquinha, à disposição dele, escová-lo um pouco, e que ela saiba a maneira de educar o cachorro (daí a importância das crianças estarem presentes na aula de adestramento). Se seu filho não se sentir animado a fazer muitas dessas coisas, pelo menos convide-o a olhar, a ver como você faz.

Outra forma de ajudar a desenvolver a relação entre a criança e o cão é permitir que seu filho conduza o cão de vez em quando nos passeios — você sempre de olho nos dois, claro. E, num lindo dia de sol, para aqueles que moram em casa, que tal uma boa farra geral, dar no cão um banho refrescante de mangueira, com todo mundo se divertindo juntos de verdade? Juntos. Essa palavrinha pode ser mágica para seu filho e seu cão.

Dicas


Lembre-se que seu cão deve estar vermifugado antes de ter contato com seu filho;

Não fique tenso, apenas atento, quando seu filho e seu cão estiverem brincando;

Você é o líder e deve ter total domínio sobre seu cão;

Sempre que puder, leve seu filho junto quando for comprar a ração;

Estimule seu filho a participar das aulas de bom comportamento que seu cão recebe do adestrador (e depois de você); é muito estimulante para a criança perceber que o cão obedece a suas pequenas “ordens”, como dar a patinha ou sentar;

Procure, pelo menos três vezes por semana, brincar de bolinha com seu cão e seu filho (as crianças adoram brincar de bobinho com os cães);

Convide alguns amigos de seu filho para brincarem na sua casa com seu cão. Integrar os amigos de seu filho com o cão fortalece a relação de amizade entre ele e o cão e também aumenta a auto-estima da criança;

Ao mostrar a seu filho a importância de se respeitar as necessidades de um cão, você está ensinando a ele conceitos de respeito ao próximo;

Pelo menos uma vez por semana, entregue-se ao lúdico, inventando brincadeiras e participando da vida de seu filho e de seu cão.


Fonte: Kátia Aiello : http://www.katiaaiello.com/artigos/caesecriancas.htm

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